Complexo de edifícios residenciais é autossuficiente em água e energia, na França (Foto: VALODE & PISTRE) Fonte: Casa VOGUE.
A necessidade cada vez mais urgente em se adotar soluções sustentáveis na Construção Civil, para diminuir a pegada de carbono no projeto, construção e durante a vida útil de uma edificação envolve todas as tipologias de usos vem provocando a evolução de ferramentas de projetos, produção de materiais e sistemas construtivos. É importante destacar que as edificações residenciais, sejam em casas ou prédios de apartamentos, são as que mais têm peso nesta situação.
A construção de um edifício de apartamentos sustentável envolve a adoção de práticas e princípios que minimizam os impactos ambientais, promovem a eficiência energética e o uso racional dos recursos naturais. A sustentabilidade na construção deve ser considerada em todas as fases do projeto, desde a concepção até a conclusão da obra, incluindo a operação e o uso posterior. Aqui estão os principais aspectos a serem considerados em cada etapa:
1. Concepção do Projeto Arquitetônico
Escolha do local: A localização deve ser cuidadosamente selecionada para minimizar impactos ambientais, evitar áreas de preservação e maximizar a eficiência no transporte e a proximidade de serviços e infraestrutura.
Eficiência energética: Projetar a edificação para aproveitar ao máximo a iluminação e ventilação natural, reduzindo a necessidade de energia elétrica para iluminação e refrigeração.
Desenho bioclimático: Levar em consideração as condições climáticas locais para orientar a posição do edifício, minimizando a necessidade de sistemas de aquecimento, ventilação ou resfriamento artificial.
Materiais sustentáveis: Utilizar materiais de baixo impacto ambiental, como madeira certificada, tijolos ecológicos, concreto reciclado e outros materiais com certificações ambientais.
Certificações ambientais: Considerar a obtenção de certificações como LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) ou AQUA, que orientam para práticas de construção sustentável.
2. Escolha dos Materiais
Materiais reciclados e recicláveis: Incorporar materiais que possam ser reciclados ao final da vida útil do edifício, como aço reciclado, vidro, alumínio, entre outros.
Baixa emissão de carbono: Priorizar materiais que geram menos emissões de CO₂ em sua produção e transporte, como o concreto ecológico e materiais regionais, para reduzir a pegada de carbono do transporte.
Isolamento térmico e acústico: Utilizar materiais que aumentem o isolamento térmico e acústico do edifício, como lã de vidro, lã de rocha ou materiais alternativos, reduzindo a necessidade de climatização artificial e melhorando o conforto dos moradores.
3. Execução da Obra
Gestão de resíduos: Implementar um plano de gestão de resíduos sólidos da construção, com separação e destinação correta de materiais recicláveis, minimizando a geração de entulho.
Uso eficiente da água: Utilizar tecnologias que economizem água durante a obra, como sistemas de reutilização de água de chuva e equipamentos de baixo consumo.
Tecnologias construtivas sustentáveis: Optar por sistemas construtivos que minimizem o desperdício de materiais e o consumo de energia, como a construção modular, pré-fabricados ou técnicas de construção a seco.
4. Eficiência Energética e Uso de Energia Renovável
Energia solar: Instalar painéis solares fotovoltaicos para geração de energia elétrica e sistemas de aquecimento de água solar, reduzindo o consumo de energia elétrica da rede.
Iluminação de baixo consumo: Utilizar lâmpadas LED em áreas comuns e sensores de presença para evitar o desperdício de energia.
Sistemas de ventilação e climatização eficientes: Implementar tecnologias como sistemas de ar-condicionado de alta eficiência energética ou sistemas de ventilação natural.
5. Uso Sustentável da Água
Captação e reutilização de água da chuva: Sistemas de captação e reaproveitamento da água da chuva para usos não potáveis, como irrigação de áreas verdes e lavagem de pisos.
Redução do consumo de água: Instalação de torneiras, chuveiros e descargas eficientes que reduzem o consumo de água nas unidades e áreas comuns.
Tratamento de águas cinzas: Sistemas de reaproveitamento das águas cinzas (provenientes de pias e chuveiros) para irrigação ou reuso em descargas sanitárias.
6. Acompanhamento e Gestão Sustentável
Monitoramento de consumo: Instalação de medidores individuais de água e energia para que cada unidade possa controlar e reduzir seu consumo.
Manutenção sustentável: Criar um plano de manutenção preventiva que prolongue a vida útil dos equipamentos e materiais, reduzindo a necessidade de substituição e novos investimentos.
7. Paisagismo e Integração com o Meio Ambiente
Áreas verdes: Incluir espaços verdes nos projetos, como jardins verticais, telhados verdes e áreas de lazer com vegetação nativa, que contribuem para a melhoria da qualidade do ar e o conforto térmico.
Proteção da biodiversidade local: Se possível, preservar a vegetação nativa e criar áreas que incentivem a biodiversidade, como jardins com plantas que atraem polinizadores.
8. Uso de Tecnologias Inteligentes
Automação predial: Sistemas automatizados que otimizam o uso de energia e recursos naturais, como controle automático de iluminação e climatização em áreas comuns.
Monitoramento ambiental: Uso de sensores e softwares para monitorar o consumo de energia, água e a qualidade do ar no edifício, garantindo que o edifício funcione de forma eficiente ao longo do tempo.
Conclusão
A construção de um edifício de apartamentos sustentável depende de uma abordagem holística que começa na fase de planejamento e se estende até a operação do edifício. A escolha de materiais, o uso de tecnologias eficientes e a gestão de recursos naturais são essenciais para minimizar o impacto ambiental e promover a sustentabilidade a longo prazo. O objetivo é criar edificações que proporcionem conforto e qualidade de vida para os moradores, ao mesmo tempo em que respeitam o meio ambiente.
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